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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

guardiãs do Chico

leonardo soares


Uns dizem que as carrancas das barcas do São Francisco são tão velhas que ninguém lhes sabem a origem. Outros comparam as carrancas com as figuras egípcias, ou fenícias, ou indígenas, ou polinésias e que Deus as guarde em mistério. 
São cabeças erigidas nas proas dos barcos para serem vista e espelhadas pela flor d'água. Não são simples figuras de proa, nem são como as figuras de proa das antigas naus que têm a graça e o limite de um arremate. A carranca se conjuga a todo o barco, que é o seu corpo, à vela mansa em que respira, à vara e ao remo em que anda, aos navegantes que protege e aos espíritos maus que lhe motivam.
A carranca é a visão espelhada de seus duendes que despontam inopinados das margens, do fundo das águas, das nuvens, dos poços, de um caramujo, de um mosquito de febrão, de debaixo de uma saia, de dentro de uma bolsa, de uma carta. É o bojo do rio na proa da barca, destino e doença sobre as águas, insônia e diligência.
São Francisco, rio e santo, são as carrancas vossa guarda?
Clarival do Prado Valladares

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