textimagens - rosaura soligo

terça-feira, 2 de novembro de 2010

espelho óbvio

leonardo soares

Nas costas da vida, há uma senhora, de gadanha em punho, penalizada. O olhar dela é também o último da última hora. Ela está atrás do que na retina cristaliza e grava.
As pessoas mortas têm olhos de horror. Talvez, porque a morte surpreenda mais que a vida, como um deslumbramento apartado da linha reta e indesviável, com começo, meio e fim.
Não carrega corpos, essa dama encapuzada. Leva apenas a matéria nobre, a mais pura. A que é eterna.
A carcaça, o destroço desprezível do que resta humano (?), fica a serviço dos seus, feito um espelho óbvio do futuro.
         [Isis Brum]

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